DE SÃO JOSÉ DE PONTA DELGADA
brota na paróquia de São José esta singela manifestação de piedade popular secular. Nasce de uma vontade e duma necessidade de o homem se acercar de Deus num contexto ímpar e de linguagem insular micaelense.
De facto, no início do milénio, São José era a única paróquia da cidade de Ponta Delgada onde nunca houvera um rancho de romeiros. Os paroquianos que queriam incorporar as romarias dirigiam-se a outras freguesias onde existiam ranchos. Assim, não era incomum, residentes de São José serem incluídos nas romarias de Santa Clara, São Sebastião, São Pedro ou até noutras da periferia de Ponta Delgada.
Em boa hora e pela mão do faialense Monsenhor Cónego José Garcia, notório pela sua marca na reconstrução da Sé de Angra após o terramoto de 1980 e posterior incêndio, concretiza esta urgência paroquial da fé dos nossos avós e autoriza a criação do Rancho de Romeiros de São José. É, por ele, indicado para Irmão Mestre, Amílcar Vahia, um professor e livreiro dispensado do múnus sacerdotal no final da década de 70, que, por São Miguel criou família e raízes. A sua narrativa, postura e virtuosa humildade embrulhada numa fé inabalável foi fulcral para a base construtiva deste grupo de homens, sendo que ainda nos dias que correm, se colhem os frutos da sua sapiência e é recordado com muito carinho pelos mais antigos do rancho.
Desde 2003, o Rancho de Romeiros de São José foi orientado por quatro Mestres: Amílcar Vahia (2003-2004), Carlos Moniz (2005-2009), José Fernando Reis (2010) e Luís H. Bettencourt Reis (desde 2011). Cada um, com a sua linguagem própria e visão teológico-antropológica singular, fomentaram e destacaram no coração da cidade a poética narrativa dos filhos da Quaresma, do despojo e da entrega aos elementos.
Os romeiros de São José mantêm nos tempos que correm uma plasticidade a nível de intervenção paroquial, desde a animação litúrgica a ações associadas a outros grupos de cariz sócio caritativo além paróquia. Muitos dos seus irmãos, são membros efetivos de outros ramos paroquiais como os Acólitos, Ministros Extraordinários da Comunhão, Confraria do Santíssimo, Coral de São José, Escuteiros, Conselho Económico Paroquial entre tantos outros.
Não obstante ser um movimento sazonal, pois incide a sua atividade primária na Quaresma, durante todo o ano litúrgico é fomentada a reunião e a proatividade na paróquia.
Porém, é notório o fervilhar da demanda da peregrinação nas reuniões ditas preparatórias que decorrem normalmente com frequência semanal a partir de Janeiro. É um movimento aberto à comunidade e a todos quantos queiram experienciar esta manifestação de fé.